Opinião

Eleições Europeias!? Muito mais importante do que parece!

As próximas eleições são europeias, mas têm um efeito predominantemente nacional. Apesar de nos Açores a solução apresentada pelo PS\Açores ao Parlamento Europeu, ser uma aposta qualificada e competente, não se pode pedir aos eleitores que determinem o seu voto, nestas eleições europeias, tendo exclusivamente em consideração os candidatos que se propõem representar os portugueses no parlamento europeu. É certo que o nosso destino está indiscutivelmente ligado, para o melhor como para o pior, à evolução socioeconómica no espaço europeu e à sua orientação decisória, como tem acontecido. A crise portuguesa emergiu através da multiplicação na Europa da crise com origem nos Estados Unidos e, por exemplo, a actual baixa de juros da dívida portuguesa volta a ter origem, tal como acontece na Irlanda ou mesmo na Grécia, no ambiente de redução de risco induzido pela acção, ou promessa de intervenção, do Banco Central Europeu. Também é verdade que o Parlamento Europeu, tal como a futura Comissão Europeia, terão não só competências acrescidas como uma orientação política com maior legitimidade originária, pelo que o voto dos cidadãos europeus é mais valorizado do que nas eleições anteriores. Por outro lado, apesar da conduta ideológica infelizmente frequentemente atípica dos grandes partidos europeus, a verdade é que no voto há diferenças e consequências políticas conforme as maiorias que forem geradas: se a conservadora e ultraliberal que actualmente pontua ou se a do centro-esquerda que hoje está afastada do poder e do essencial das decisões. É a diferença entre a centralidade política da economia e das finanças e a centralidade das pessoas e da cidadania. É a diferença entre a defesa das desigualdades como dinâmica de crescimento e a defesa de um mínimo de dignidade para a sustentabilidade do desenvolvimento. Embora difusa e menos clara e intensa do que devia, essa diferenciação política é mais do que suficiente para distinguir a opção de voto à direita ou à esquerda. Ou seja, por estas e outras boas razões o voto nestas eleições de 25 de Maio tem um conteúdo supranacional. Todavia, é inútil negar que os resultados eleitorais, em boa parte dos países e em especial no nosso, terão uma leitura nacional. Se os partidos do governo sofrerem uma derrota clara concluiremos que a reclamação sobre a sua falta de legitimidade governativa é verdadeira e que ou alteram o seu rumo ou devem abdicar. Se a oposição não vencer de forma clara deve compreender que ainda não dispõe da confiança dos portugueses pelo que deve melhorar para merecer liderar a mudança. Dessas conclusões não nos livraremos na avaliação pós-eleitoral, pelo que é uma hipocrisia negar que o voto deve ser, na sua maior parte, o voto pensando no Portugal que temos cá dentro.