Os deputados do Partido Socialista eleitos pela ilha das Flores, José Eduardo e Dora Valadão, criticam a forma como o Governo Regional conduziu a visita estatutária às ilhas das Flores e do Corvo, considerando que esta “foi uma das mais curtas de que há memória na história da autonomia” e que deixou de fora o contacto com várias instituições e setores fundamentais da ilha.

Segundo os parlamentares socialistas, o executivo limitou-se a reunir com as câmaras municipais e com a Mesa do Conselho de Ilha, ignorando por completo a oportunidade de ouvir a sociedade civil, as forças vivas, os trabalhadores e as entidades que há anos alertam para os problemas estruturais das Flores.

“Uma visita estatutária não pode ser um simples passeio protocolar de meio dia. O Governo tem a obrigação de vir às Flores para trabalhar, ouvir e agir. O que vimos foi exatamente o contrário”, afirma o deputado José Eduardo.

O socialista acusa ainda o Governo pela ausência de respostas para a asfaltagem de caminhos agrícolas e florestais, para a eletrificação de explorações agrícolas e o apoio para a construção de currais de gado e redes de abastecimento de água, bem como para as obras necessárias nas casas de aprestos e no edifício da Lota, obras já anunciadas e não executadas.

Os deputados salientaram ainda a ausência de qualquer referência às obras de proteção da orla marítima de Santa Cruz e ao assinalamento marítimo e desobstrução da barra do Porto de Ponta Delgada, bem como da necessidade do seu aumento para fazer face ao maior número de embarcações que ali operam.

Sobre a 2.ª fase da obra do Porto das Poças, e apesar de o Presidente do Governo ter referido que não existe “capacidade do mercado” para avançar com a obra, os deputados do PS/Flores lembram que a situação não é comparável à reconstrução do Porto das Lajes, cuja empreitada é financiada maioritariamente por fundos europeus, cabendo ao Governo apenas garantir cerca de 30 milhões de euros ao longo de cinco anos.

“O Porto das Lajes não pode servir de desculpa para tudo. É uma obra essencial e bem-vinda, mas está financiada por fundos europeus e tem o esforço financeiro do Governo distribuído no tempo. Nada disso impede o avanço da 2.ª fase do Porto das Poças, que é determinante para o concelho de Santa Cruz e para o futuro das Flores”, sublinha a deputada Dora Valadão.

“É incompreensível que, ao fim de anos de promessas, continuemos sem calendário, sem concursos e sem prioridade política para tanto que há para fazer na ilha das Flores. Isto não é falta de mercado: é falta de vontade”, reforça.

“Mas mesmo sem obras, bastaria que o Governo conseguisse, em relação aos transportes marítimos, que as viagens fossem regulares e semanais para garantir a chegada atempada de mercadoria à ilha, bem como garantir o escoamento de gado”, acrescenta ainda a deputada.

Os deputados socialistas consideram ainda preocupante que, numa ilha com desafios únicos de acessibilidades, demografia e desenvolvimento – amplamente reconhecidos pelos próprios autarcas nas reuniões com o Governo, o executivo tenha optado por uma visita limitada, breve e sem contacto com a população.

“As Flores merecem mais do que uma visita apressada. Merecem respostas, obras e investimento real. O PS/Açores vai continuar a exigir que o Governo respeite esta ilha e trate as suas prioridades com a seriedade que se exige”, concluem.

Santa Cruz das Flores, 03 de dezembro de 2025