A deputada socialista Dora Valadão alertou hoje, no Parlamento dos Açores, que a situação das pessoas em condição de sem-abrigo está a agravar-se em várias freguesias da Região, sem que o Governo Regional apresente respostas coordenadas, eficazes ou com impacto real na vida das pessoas. Para a parlamentar, este é “um problema que já ultrapassou todos os limites do aceitável” e que exige atuação imediata.

Intervindo no debate do Plano e Orçamento para 2026, Dora Valadão sublinhou que as queixas de residentes relacionadas com insegurança, toxicodependência, criminalidade e situações de rua aumentaram de forma muito visível, revelando a insuficiência das respostas que o Governo disponibiliza atualmente.

A parlamentar recordou que o programa “Habitua-te”, criado para apoiar pessoas em situação de sem-abrigo, nunca saiu verdadeiramente do papel. “Habituámo-nos a ver planos sucessivos, mas sem execução, sem continuidade e sem impacto real. E os resultados estão à vista: mais exclusão, mais pessoas na rua, mais insegurança e mais famílias preocupadas.”

Dora Valadão destacou que a resposta passa, antes de tudo, por reforçar as instituições que já trabalham no terreno, garantindo-lhes meios financeiros e humanos para agir de forma articulada e descentralizada. No entanto, o Governo continua a falhar também neste ponto, ao não atualizar os acordos de cooperação e ao deixar centenas de IPSS e Misericórdias em estrangulamento financeiro, prejudicando diretamente a capacidade de apoiar quem mais precisa.

“Se há uma coisa que nós ganhamos, é de facto, nos Planos”, frisou a socialista, acrescentando que “há planos para tudo, mas não passam de tinta no papel. Não têm aplicabilidade. Prova disso é que até ao momento os problemas só se têm agravado”.

E continuou: “De uma vez por todas, é necessário sair dos gabinetes, procurar as instituições, vivenciar as suas experiências e assim avaliar o que efetivamente falta, sem rodeios, nem falsas promessas”.

A deputada socialista reforçou ainda a necessidade de um plano multi-institucional, envolvendo autarquias, IPSS, forças de segurança, unidades de saúde e equipas de intervenção comunitária, de forma a construir soluções sustentáveis que devolvam dignidade às pessoas que vivem na rua e garantam tranquilidade às comunidades.

“Todos estão disponíveis para contribuir nas mais variadas áreas para que possamos ter um futuro mais sustentável e definirmos qual o modelo de sociedade que preconizamos para os Açores”, concluiu Dora Valadão.

Horta, 25 de novembro de 2025