PS/Açores alerta para agravamento das listas de espera, falta de transparência e ausência de estratégia na Saúde

PS Açores - Há 6 horas

O deputado socialista José Miguel Toste afirmou hoje, na Horta, que a situação da saúde “é, sem margem para dúvida, o setor da governação que mais preocupa os açorianos”, sublinhando que os dados disponíveis até setembro de 2025 evidenciam “fragilidades estruturais persistentes” no Serviço Regional de Saúde.

Na sua intervenção na Assembleia Legislativa Regional, José Miguel Toste recordou que as longas esperas por consultas, exames e cirurgias são “um retrato coletivo da nossa realidade” e que, apesar dos reforços orçamentais e dos investimentos anunciados, o acesso aos cuidados de saúde “continua a deteriorar-se”.

O socialista destacou o agravamento das listas de espera cirúrgicas, afirmando que em setembro de 2025 o Tempo Médio de Espera era de 473 dias — 1 ano, 3 meses e 13 dias. “Hoje não só há mais açorianos à espera de uma cirurgia, como estes 13.260 açorianos esperam durante mais tempo”, lamentou, acrescentando que estes atrasos representam “perda de qualidade de vida, angústia e, em muitos casos, agravamento irreversível do estado clínico”.

O deputado alertou também para a redução de 9.351 consultas realizadas nas Unidades de Saúde de Ilha no comparativo homólogo, situação que considerou preocupante por significar “menos prevenção, menos diagnóstico atempado e mais recurso à urgência”.

José Miguel Toste lamentou ainda “os recorrentes atrasos no pagamento do Complemento Especial ao Doente Oncológico”, afirmando que “não há razões administrativas que justifiquem tamanha falta de compreensão para com os utentes”, quando “para quem enfrenta uma doença oncológica, cada semana conta”.

Entre as fragilidades estruturais que persistem, o parlamentar apontou a “falta de médicos, enfermeiros e técnicos”, a “incapacidade de fixação de profissionais”, a “dependência cara e crescente de prestadores externos” e a “desorganização na relação entre unidades de saúde”. No caso das ilhas mais pequenas, alertou que estas falhas transformam “a distância geográfica numa distância no acesso e nos direitos”.

Questionado igualmente foi o não avanço de programas considerados fundamentais, como o Rastreio do Cancro do Pulmão, “tantas vezes anunciado e nunca concretizado”.

O socialista recordou que o PS apresentou uma proposta responsável para inscrever 1,5 milhões de euros num plano extraordinário para recuperar listas de espera, mas que esta foi rejeitada pela coligação. “Hoje, com as listas a crescerem e os tempos de espera a aumentarem, percebe-se bem o custo dessa decisão”, afirmou.

Sobre a reconstrução do Hospital do Divino Espírito Santo, José Miguel Toste frisou que “a sua recuperação é inadiável”, mas advertiu que este processo “não pode transformar-se num projeto hesitante, tardio e sem orientação”.

Para o PS/Açores, é urgente uma reforma estrutural do sistema de saúde, assente num plano de recursos humanos de longo prazo, no reforço dos cuidados de saúde primários, na prevenção e nos rastreios e na estabilidade da gestão. É ainda necessário “garantir que todos os açorianos, independentemente da ilha onde vivem, têm acesso a cuidados de saúde em tempo adequado”.

José Miguel Toste deixou também uma mensagem de reconhecimento aos profissionais de saúde, afirmando que “merecem respeito, meios e políticas que correspondam ao seu esforço diário, ou dito, de outra forma, merecem que o pagamento que lhes é devido seja realizado a tempo e horas”.

O deputado alertou ainda para “um problema silencioso, mas profundamente devastador”: o aumento das dependências, em particular o consumo de drogas químicas, denunciando um reforço do investimento “em exclusivo no tratamento”, acompanhado de “um preocupante desinvestimento na prevenção, na intervenção comunitária e na reintegração social”.

“A saúde não é um detalhe da governação. É o coração do bem-estar coletivo e o alicerce da confiança dos cidadãos”, concluiu, acrescentando que é urgente agir “não com anúncios, mas com resultados; não com promessas vagas, mas com coragem, rigor e verdade”.

 

Horta, 25 de novembro de 2025