Os recorrentes problemas relativos ao transporte marítimo de mercadorias registados nas ilhas do Pico e da Graciosa, particularmente no escoamento de gado vivo, revelam, de uma forma preocupante, a falta de atenção do Governo Regional para com as necessidades específicas destas comunidades insulares.
Esta postura negligente tem provocado perdas importantes para as economias locais, agravando ainda mais as dificuldades enfrentadas pelos agricultores e produtores destas duas ilhas.
Desde meados de maio, acumula-se gado bovino sem que sejam implementadas soluções eficazes, deixando os produtores numa situação de extrema preocupação e vulnerabilidade. A exportação de gado vivo ainda constitui uma parte fundamental das mais-valias económicas para os agricultores do Pico e da Graciosa, representando uma fonte de rendimento indispensável para estas ilhas.
No entanto, diante da flagrante incapacidade de coordenação das empresas de transporte marítimo que operam na cabotagem insular, os produtores esperam uma intervenção séria e determinada por parte do Governo Regional. Infelizmente, o panorama atual reflete um distanciamento inquietante do Executivo perante a aflitiva realidade enfrentada pelos agricultores.
Apesar das exigências das associações representativas do setor, que têm reiterado preocupações legítimas e urgentes em prol dos seus representados, o Governo tem optado por apresentar soluções consideradas insuficientes, o que faz serem sucessivamente adiadas.
Esta incapacidade de agir eficazmente por parte do Governo alimenta a frustração e impotência dos produtores de carne do Pico e da Graciosa, que merecem uma atuação governamental à altura das suas necessidades.
Para estas ilhas, a questão vai além de um problema logístico. Trata-se de assegurar a igualdade no acesso aos mercados, de garantir um serviço de transporte marítimo que seja regular, confiável e que disponha da capacidade necessária para escoar os seus produtos para fora destas ilhas, porque as suas economias dependem diretamente da capacidade de exportar.
Neste contexto, os deputados do Partido Socialista eleitos pelo Pico e pela Graciosa – Marta Matos, Mário Tomé e José Ávila – também têm dado nota destas dificuldades e exigem uma intervenção célere, assertiva e eficaz do Governo Regional, que até agora tem falhado em reconhecer a gravidade da situação.
A crise no transporte marítimo não é um caso isolado, mas sim um reflexo de uma gestão que necessita de maior sensibilidade, eficiência e compromisso com todas as ilhas do arquipélago.
Horta, 5 de junho de 2025.
Os deputados
Marta Matos
Mário Tomé
José Ávila