Eurodeputado participou na Cimeira sobre Estratégia de Especialização Inteligente dos Açores, promovida pelo Governo dos Açores, no painel sobre “O papel da Ciência na Política de Coesão no pós-2027”
Na sua intervenção, o parlamentar destacou a importância da ciência, da inovação e da qualificação como alicerces para o desenvolvimento das regiões ultraperiféricas
Franqueira Rodrigues começou por salientar o papel fundamental da Política de Coesão no apoio à ciência regional, sublinhando os investimentos realizados em infraestruturas escolares, na Universidade dos Açores e em projetos de investigação — iniciativas fortemente ancoradas em fundos europeus.
Contudo, advertiu que "antes de falarmos de inovação, temos de falar do ‘elefante na sala’: o capital humano." O eurodeputado socialista frisou os baixos níveis de escolaridade e as elevadas taxas de pobreza e de exclusão social nos Açores, realçando que "sem uma população qualificada, não há salto qualitativo nem quantitativo possível no domínio da ciência".
No debate sobre o futuro da Política de Coesão, André Franqueira Rodrigues alertou para dois riscos centrais: a possível marginalização das Regiões Ultraperiféricas (RUP) face a uma concentração de fundos em áreas geopolíticas estratégicas, e o risco do insucesso na execução eficiente dos recursos já atribuídos. “Temos de mostrar resultados na execução da Estratégia de Especialização Inteligente. Sem isso, corremos o risco de nos tornarmos irrelevantes no debate europeu”, afirmou.
Questionado sobre a possível reorientação dos fundos de coesão para áreas de defesa, o eurodeputado reconheceu que o investimento dual será inevitável, mas advertiu: “A Política de Coesão não pode tornar-se o banco de todas as outras prioridades da União Europeia.”
Por fim, o eurodeputado defendeu que a chave para o futuro passa por três prioridades: investimento sustentado na educação, mobilização do setor privado para a inovação e plena utilização dos fundos disponíveis antes de 2027. “Como tenho defendido, para ultrapassarmos os nossos bloqueios estruturais e para avançarmos como Região, temos de fazer mais, melhor e mais depressa e, para isso, é necessária uma reflexão profunda sobre o modelo de desenvolvimento e de inovação presente e futuro dos Açores”, concluiu, acrescentando que, “apesar do nosso atraso estrutural nenhuma região está condenada à partida — é uma questão de liderança e de visão coletiva”.
A concluir a sua intervenção, André Franqueira Rodrigues reforçou a necessidade de colocar a ciência e a inovação também no centro da estratégia europeia para a coesão territorial, com os Açores como exemplo de desafio e oportunidade.