Subserviência política leva PSD/Faial a votar encerramento de empresa regional com 72 postos de trabalho no Faial

PS Açores - 5 de janeiro, 2021

Os vereadores do Partido Socialista (PS), na Câmara Municipal da Horta, acusam o PSD/ Faial e o vereador Carlos Ferreira de ludibriar os Faialenses e de revelar subserviência política ao não votar favoravelmente e por unanimidade, na última reunião do ano de 2020, realizada a 30 de dezembro último, um voto de recomendação ao Governo para o não encerramento, no Faial, da empresa regional Azorina – Sociedade de Gestão Ambiental e Conservação da Natureza, SA.

O voto, que já havia sido apresentado naquele órgão a 17 de dezembro, logo que conhecida publicamente a intenção de encerramento da empresa pelo Governo, pretende não só defender os 72 postos de trabalho existentes na ilha do Faial, mas, sobretudo, a importância da empresa regional para a economia do concelho.

Os vereadores do PS criticam a postura assumida pelo PSD na discussão do documento, onde Carlos Ferreira assumiu, claramente, uma posição de subserviência política em detrimento da defesa do Faial.

“Não podemos admitir que os senhores vereadores do PSD nos digam, alto e bom som, que, para respeitar os equilíbrios políticos que agora foram alcançados no Governo Regional, o Faial e os Faialenses não possam ter tudo o que gostariam de ter”, referem os vereadores do PS.

“Como também não podemos admitir que o senhor vereador Carlos Ferreira, na sua dupla função de vereador e de deputado e em defesa dessa mesma coligação política, queira recomendar à Câmara Municipal que tranquilize os trabalhadores da Azorina quando estes veem o seu futuro incerto, só porque isso convém ao Governo”.

Na verdade, acrescentam, “o que assistimos, nesta reunião de Câmara, foi a uma mudança drástica de comportamento do PSD. Antes tinham de existir estudos para suportar tudo e mais alguma coisa, antes a Câmara tinha que estar atenta ao esvaziamento do Faial e assumir posições unânimes de força, mas agora, todos temos de fazer de conta que o PSD e o vereador Carlos Ferreira não enganaram os faialenses quando, em campanha eleitoral, nunca assumiram que iam fechar empresas no Faial, quando já sabiam que isso ia acontecer, como o senhor vereador Carlos Ferreira inclusive admitiu, em reunião de Câmara”.

“Com governos PS, a Câmara Municipal nunca deixou de discutir os problemas do Faial nem de questionar ou pressionar pela correção ou resolução do que entendia não ser o melhor caminho para a ilha, pelo que agora também não admite que, só porque dá jeito ao PSD, deva ser recomendada a ser calada”.

Os vereadores do PS consideram, igualmente, um desrespeito para com todos os 206 trabalhadores da empresa nos Açores, assumir-se uma intervenção em plenário como uma forma justificável para dizer a alguém que a sua vida vai mudar, um comportamento reforçado, inclusive  pelo Governo Regional, através do Secretário Regional do Ambiente e Alterações Climáticas, que só agora reúne com a Presidente do Conselho de Administração da Azorina, para reforçar a bondade da decisão e apontar como absurda a postura que assumimos neste caso, que será a mesma que teremos sempre que estejam em causa famílias e empresas com sede na ilha do Faial.

Os vereadores do PS não compactuam, por isso, com esta tentativa do PSD de fazer a política do faz de conta que o Faial ganhou, quando, na verdade o Faial perdeu, o que revela bem como o poder, em tão pouco tempo, já ofuscou o PSD.

O voto de recomendação discutido e aprovado apenas com os votos do Presidente da Câmara e dos vereadores do PS recorda a importância da empresa Azorina na gestão de 21 centros visitáveis em 9 ilhas dos Açores, uma dimensão regional que é reforçada pela especificidade das competências exercidas, e que, “a acontecer o anunciado pelo Governo Regional, estaremos perante uma forma declarada de esvaziamento da ilha do Faial, onde a Azorina tem a sua sede e mais de um terço dos seus trabalhadores”, lê-se no documento apresentado.

“Consideramos, por isso que as funções exercidas pela Azorina, na manutenção da política de defesa e preservação ambiental, associados aos novos desafios das alterações climáticas, são fundamentais não apenas para a Região Autónoma dos Açores, mas também para o futuro das parcerias que têm sido desenvolvidas na ilha do Faial e com o Município da Horta, enquanto autarquia dos Açores que mais investe na área ambiental”, salienta o documento.