Renata Correia Botelho apresentou voto de congratulação pelos 500 anos do Nordeste

PS Açores - 10 de julho, 2014
Renata Correia Botelho apresentou esta quinta-feira à Assembleia Legislativa dos Açores, em nome do PS/Açores,  o seguinte voto de congratulação, aprovado por unanimidade, que se transcreve na íntegra:    VOTO DE CONGRATULAÇÃO 500 ANOS DE ELEVAÇÃO DO NORDESTE A CONCELHO No próximo dia 18 (por ser deste dia, do ano de 1514, que data a Carta Régia emitida por D. Manuel I), completam-se 500 anos de elevação do Nordeste a concelho. Foi, portanto, há precisamente cinco séculos que se deu “a elevação a Villa do logar do Nordeste”, passando assim a constituir-se aquele que viria a ser o quarto concelho da ilha de São Miguel, isento já da dependência administrativa de Vila Franca do Campo. Dele falando – do nosso Nordeste – disse Gaspar Frutuoso, em Saudades da Terra (livro IV), que “começa a compridão desta ilha da ponta do porto da vila do Nordeste, assim chamada por ter o rosto a este vento”, acrescentando tratar-se de “lugar não mui chão, mas de boas casas e devotas igrejas, lugar alegre de frescos pomares, com claras ribeiras”. E é também destes elementos, vertidos para um fino registo lírico, que se faz a poesia de Dinis da Luz – poeta de meados do século XX e um entre vários nomes ilustres, em diversas áreas, oriundos do Nordeste – quando, no poema «O Tempo que Fez», nos diz: “No jardim dos meus sonhos / Correm folhas pelo chão. / Caem pétalas no chão. // Que vento soprou? // E na fonte dos meus olhos / Marulham vagas do mar. / Salgadas como as do mar. // Que chuva caiu? // (…) // Na minha alma pôs-se o sol. / E passam asas de sombra. / Pelas estrelas na sombra. // Que noite baixou? // (…) // E uma voz acorda ao longe / E murmura, num segredo, / E protesta, num segredo: / - O tempo que fez!...”. Que melhores palavras do que as do poeta para nos fazerem sentir, quase fisicamente, a matéria de que se faz um lugar, a magia simples que nele se encerra? Noutra minuciosa descrição, oferece-nos ainda Gaspar Frutuoso ricas imagens do Nordeste de então, que não deixou de encontrar eco – e que bom que assim é – no Nordeste de hoje, onde permanece, para nosso deleite, a beleza da paisagem ilustrada na sua obra, mais montanhosa a oriente, mais planáltica a ocidente, numa terra “povoada de nobre gente”. O autor identifica igualmente uma população trabalhadora, de crenças vincadas, que vivia sobretudo da agricultura. Atualmente, no concelho do Nordeste residem cerca de 5000 pessoas. A população vive principalmente da agropecuária, ocupando também a silvicultura e a indústria das madeiras e dos blocos um lugar assinalável. O Artesanato (desde teares manuais, cestaria, trabalho em folha de milho, miolo de figueira e escamas de peixe) é outra atividade relevante. Abalados, ao longo destes cinco séculos, por adversidades diversas – como catástrofes naturais, fome, doenças, isolamento – os nordestenses souberam sempre lutar e enfrentar as dificuldades, munidos de uma coragem inabalável e de uma incrível capacidade de trabalho, na busca incessante de uma melhor qualidade de vida. Debruçando-nos, por exemplo, sobre o problema do isolamento (não nos esqueçamos de que era a chamada “décima ilha”), podemos dizer, com segurança, que, se durante vários séculos a melhor acessibilidade ao Nordeste era feita por mar (tendo depois passado a contar, no século XIX, com infraestruturas que possibilitavam o acesso terrestre), nos dias que correm, e graças às recentes intervenções a este nível, chegar àquele concelho é tarefa tão bela quanto facilitada.   Não será, pois, desajustado afirmarmos que, quem ali hoje vive, gosta de viver no Nordeste, acredita no seu concelho e dele se orgulha! Estamos todos de parabéns, nesta bonita e significativa data, que evoca um momento especialíssimo de um concelho tão apreciado pelas suas belezas únicas, pela sua arreigada cultura e pela afabilidade das suas gentes. Assim, nos termos regimentais e estatutários aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista propõe que a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores aprove um Voto de Congratulação pelos 500 anos de elevação do Nordeste a concelho. Propõe igualmente que deste voto seja dado conhecimento à Câmara Municipal do Nordeste.